BLOG QUE TRATA DE PSICANÁLISE

Um blog que diz de Freud, Lacan, Psicanálise, subjetividade, condição humana e outros assuntos afins, quase sempre muito interessantes...

terça-feira, 19 de novembro de 2013

EVENTO: CONFERÊNCIA SOBRE O AMÓDIO: AMOR E ÓDIO NA RELAÇÃO TRANSFERENCIAL COM O ANALISTA


CONFERENCIA  METODISTA  23-NOVEMBRO-2013

SOBRE O AMÓDIO: AMOR E ÓDIO NA RELAÇÃO TRANSFERENCIAL COM O ANALISTA

 

Leandro Alves Rodrigues dos Santos: psicanalista, psicólogo, Doutor em Psicologia Clínica (USP) e pós doutorando em Psicologia Social (PUC), membro da Escola de Psicanálise dos Fóruns do Campo Lacaniano-Brasil e do Fórum do Campo Lacaniano-SP.

 

Um jovem russo rico que eu havia aceitado tratar por causa de uma paixão amorosa compulsiva declarou a mim depois da primeira sessão o seguinte, a guisa de transferência: ‘- Judeu ladrão, gostaria de te pegar por trás e cagar na tua cabeça’. Com seis anos de idade, o primeiro sintoma manifestou-se em xingamentos blasfemos contra Deus: porco, cão, etc. Quando ele via na rua três montes de estrume, sentia-se mal por causa da S[anta] Trindade, e procurava ansiosamente um quarto, para destruir a evocação.

Sigmund Freud, em carta endereçada a Ferenczi, em 13/02/1910.

 

A epígrafe acima é um belo exemplo do ódio que pode surgir na relação analítica, nesse caso especifico com o paciente Serguei Pankjeff, hoje conhecido como o Homem dos Lobos, termo cunhado por seu analista, Sigmund Freud. Dizer do amor que ocorre no tratamento analítico pode parecer mais fácil como, aliás, o próprio Freud (1912) deixa claro em seu já clássico Observações sobre o amor transferencial, quando diz da frequência com que se defrontava com casos nos quais “uma paciente demonstra, mediante indicações inequívocas, ou declara abertamente, que se enamorou, como qualquer outra mulher mortal poderia fazê-lo, do médico que a está analisando. Esta situação tem seus aspectos aflitivos e cômicos, bem como os sérios.”

Ou ainda, com boa dose de honestidade científica, ao relatar seus percalços com certas pacientes histéricas que por ele se diziam apaixonadas, permanecendo ou abandonando o tratamento:

“E certo dia tive a experiência que me indicou, sob a luz mais crua, o que eu há muito tinha suspeitado. Essa experiência ocorreu com uma de minhas pacientes mais dóceis, com a qual o hipnotismo me permitira obter os resultados mais maravilhosos e com quem estava comprometido a minorar os sofrimentos, fazendo remontar seus ataques de dor a suas origens. Certa ocasião, ao despertar, lançou os braços em torno do meu pescoço. A entrada inesperada de um empregado nos livrou de uma discussão penosa, mas a partir daquela ocasião houve um entendimento tácito de que o tratamento hipnótico devia ser interrompido. Fui bastante modesto em não atribuir o fato aos meus próprios atrativos pessoais irresistíveis, e senti que então havia apreendido a natureza do misterioso elemento que se achava em ação por trás do hipnotismo”. Freud (1925[1924], grifo nosso)

 

Não é sem surpresa que Lacan, em seu Seminário XX (Mais ainda) cunha a expressão presente no título dessa conferência, muito precisa e autoexplicativa, quando afirma “que, para vocês, eu gostaria de escrever hoje como a hainamoration, uma enamoração feita de ódio (haine) e de amor, um amódio, é o relevo que a Psicanálise soube introduzir para nele escrever a zona de sua experiência. Era, de sua parte, um testemunho de boa vontade.”

Dessa forma, fica no ar uma questão crucial: como se desenrola no tratamento analítico, durante e entre as sessões, esse tal amódio? Essa conferência tem essa ambição, tentar responder a partir das experiências cotidianas da clínica...

 

Tópicos que serão abordados:

·         O amor e o ódio sempre ocorrem num tratamento analítico? Sempre da mesma forma e sempre perceptível?

·         Quando falamos de amor entre um(a) paciente e um psicanalista, isso inclui a dimensão erótica?

·         Em termos transferenciais, o amor sempre ajuda e o ódio sempre atrapalha?

·         Por qual razão imaginamos mais facilmente a atração entre paciente e analista de sexos/gêneros diferentes? E entre ambos do mesmo sexo/gênero, isso por acaso não ocorre?

·         O ciúme pode ser considerado um desdobramento desse “fenômeno” chamado amódio?

·         No caso das analisandas, a possível inveja do pênis antecede a dificuldade de se entregar a uma experiência analítica, que inclui a incerteza de um amor(transferencial)?

·         No caso dos analisandos, a possível atração homossexual/heterossexual antecede a dificuldade de se entregar a uma experiência analítica, que inclui a incerteza de um amor(transferencial)?

·         Crianças em análise também passam por isso tudo? Da mesma forma? E o amódio da mãe? Ou dos pais?

·         Casais em tratamento, ou mesmo casal de pais, também são atravessados pelo amódio?

·         Encaminhamentos frequentes ou ausência completa de encaminhamentos de analisandos dizem de algo dessa ordem?

·         O amor é sempre infantil? O amódio comprova isso no dia-a-dia da clínica?

·         E do lado do analista? Trata-se simplesmente de questões de sua análise pessoal?

·         O amor está mudando atualmente? Mudarão os analisandos? Os analistas? As análises?

 

Local: Universidade Metodista de São Paulo – campus Planalto (Rua Dom Jaime de Barros Câmara, 1000, Bairro Planalto – São Bernardo do Campo - SP)

Horário: das 09:30 às 12:00

Evento público, aberto e gratuito

Inscrições: basta preencher o formulário eletrônico, clicando no link https://eventioz.com.br/e/inscricao-conferenciasobre-o-amodio-amor-e-odio-na

Vagas limitadas

 

 

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