CICLO DE
PALESTRAS: O LUGAR DO PSICANALISTA
18/OUTUBRO: O DINHEIRO E O PSICANALISTA: QUESTÃO DELICADA?
Leandro Alves
Rodrigues dos Santos: psicanalista, psicólogo, Doutor em Psicologia Clínica
(USP) e pós doutorando em Psicologia Social (PUC), membro da Escola de
Psicanálise dos Fóruns do Campo Lacaniano (EPFCL-Brasil) e do Fórum do Campo
Lacaniano (FCL – SP).
Dando continuidade ao ciclo
de palestras que visam problematizar o lugar do psicanalista e as diversas
implicações daí decorrentes, teremos agora uma fala bastante específica, que
trata da questão do dinheiro na clínica psicanalítica, que não apenas atravessa
a relação entre o psicanalista e o paciente, mas também revela aspectos
interessantes do simbolismo desse elemento inventado pelo humano e que, desde
há muito, serve como medida de valor e algo mais.
Ao pensar o dinheiro
do lado do analista, Freud, nesse sentido, quando abordou essa temática em seus
já clássicos artigos sobre a técnica, era de fato muito direto:
“Um
analista não discute que o dinheiro deve ser considerado, em primeira
instância, como meio de autopreservação e de obtenção de poder, mas sustenta
que, ao lado disto, poderosos fatores sexuais acham-se envolvidos no valor que
lhe é atribuído. Ele pode indicar que as questões de dinheiro são tratadas
pelas pessoas civilizadas da mesma maneira que as questões sexuais – com a
mesma incoerência, pudor e hipocrisia. O analista, portanto, está determinado
desde o principio a não concordar com esta atitude, mas em seus negócios com os pacientes, a tratar de assuntos de dinheiro
com a mesma franqueza natural com que deseja educá-los nas questões relativas à
vida sexual. Demonstra-lhes que ele próprio rejeitou uma falsa vergonha sobre
esses assuntos, ao dizer-lhes voluntariamente o preço em que avalia seu tempo.”
Certa vez, numa carta
a Ferenczi, extraída da correspondência entre ambos, deu um interessante
exemplo prático de como concebia esse elemento no tratamento:
“Aproveito a ocasião
para dizer que está errado em cobrar apenas 10 coroas pela sessão, quando
Sadger está cobrando 20. Veja, o Sr., as 10 coroas não retiveram o rapaz com o
Sr., nem as 20 o impediram de procurar S[adger]. Prometa-me corrigir-se!”
Porém, quando nos
detemos sobre o lado paciente, de quem paga, há igualmente um curioso de rol de
aspectos que chamam a atenção como, por exemplo, o que suscita em cada um deles
após certa contabilidade imaginaria, de quanto o analista poderia amealhar. O
psicanalista italiano Elvio Fachinelli, ao se debruçar nesse tema em seu “O
Dinheiro do Psicanalista” alerta ironicamente:
“É quase
supérfluo notar que o total de dinheiro recebido por um (clássico) analista
mais ou menos corresponde, a despeito de casos excepcionais, ao montante obtido
por qualquer outro profissional, como médico, advogados e jornalistas. O que
magnifica os ganhos fora de proporção do analista aos olhos da maioria das
pessoas, e por isso não parece razoável, quase exorbitante e sempre
privilegiado, é que os ganhos derivam de um número pequeno de pacientes. Como
vocês bem sabem, não estamos falando de três ou quatro sessões por ano, mas de
três ou quatro sessões por semana.”
Dessa
forma, não restam dúvidas de que se trata de uma temática pungente, pouco
abordada e que pode render interessantíssimas reflexões.
Tópicos
que serão abordados:
- O dinheiro em sua dimensão simbólica: para quem paga
e para quem recebe;
- O psicanalista e o dinheiro: seria diferente se
Freud não fosse médico ou tivesse inventado um tratamento completamente
gratuito e/ou por caridade/benemerência/amizade?
- Por que se paga? O que se paga numa análise? O que
significa primeiro perder para depois ganhar?
- O paciente e o dinheiro: sentir inveja, cobiça,
contabilizar, calcular o gozo alheio, dar e reter e o que isso implica no
tratamento...
- O psicanalista e o dinheiro: ser alvo de inveja,
cobiça, contabilizações, cálculos de gozo e o que isso implica no
tratamento...
- Psicanálise é só para classes abastadas? Repensando
valor, preço, custos, investimento, honorários e afins...
- Receber em dinheiro somente: serve ao tratamento ou
ao analista?
- Recibos: mero interesse de um paciente preocupado
com a justiça tributária?
- O
psicanalista é um burguês? Detém meios de produção? Explora mão de obra
alheia? Aproveita-se de alguma mais valia?
- O paciente paga para trabalhar? Quem topa isso nos
dias atuais?
- Autorizar-se a cobrar: dificuldades apenas dos
jovens analistas?
- O que estaria por trás da dificuldade de cobrar algo
acima do que paga na análise pessoal ou para o supervisor?
- Psicanalisar é uma carreira? O mito do psicanalista milionário,
a ilusão do consultório cheio e o temor do consultório vazio...
- O que Freud quis dizer com o caráter anal do
dinheiro? Como isso se dá nas sessões?
- Aumentos e reduções de valores estão restritos
apenas às questões inflacionárias, que supostamente balizariam mudanças
pontuais a partir de índices governamentais?
- Qual a contribuição de Lacan nessa temática? O que
nós, psicanalistas e pacientes brasileiros fizemos/fazemos com isso?
Horário: todas
as palestras acontecem das 18:h30 às 21:h30
Investimento:
os valores são referentes a cada palestra individualmente:
R$20,00
profissionais
R$10,00
estudantes
OBS.: É
necessário realizar inscrição prévia, pois as vagas são limitadas.
Inscrições:
E-mail: espaco@poiesispsicologia.com.br
Telefone: 98627-1084
Website: ( http://www.poiesispsicologia.com.br/novo/agenda.asp?sub=808 )
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Local: Rua São Vicente de
Paula, 95 (Conjunto 71) – Higienópolis / São Paulo