BLOG QUE TRATA DE PSICANÁLISE

Um blog que diz de Freud, Lacan, Psicanálise, subjetividade, condição humana e outros assuntos afins, quase sempre muito interessantes...

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

EVENTO: PALESTRA O DINHEIRO E O PSICANALISTA


CICLO DE PALESTRAS: O LUGAR DO PSICANALISTA

18/OUTUBRO: O DINHEIRO E O PSICANALISTA: QUESTÃO DELICADA?

Leandro Alves Rodrigues dos Santos: psicanalista, psicólogo, Doutor em Psicologia Clínica (USP) e pós doutorando em Psicologia Social (PUC), membro da Escola de Psicanálise dos Fóruns do Campo Lacaniano (EPFCL-Brasil) e do Fórum do Campo Lacaniano (FCL – SP).

 

Dando continuidade ao ciclo de palestras que visam problematizar o lugar do psicanalista e as diversas implicações daí decorrentes, teremos agora uma fala bastante específica, que trata da questão do dinheiro na clínica psicanalítica, que não apenas atravessa a relação entre o psicanalista e o paciente, mas também revela aspectos interessantes do simbolismo desse elemento inventado pelo humano e que, desde há muito, serve como medida de valor e algo mais.

Ao pensar o dinheiro do lado do analista, Freud, nesse sentido, quando abordou essa temática em seus já clássicos artigos sobre a técnica, era de fato muito direto:

“Um analista não discute que o dinheiro deve ser considerado, em primeira instância, como meio de autopreservação e de obtenção de poder, mas sustenta que, ao lado disto, poderosos fatores sexuais acham-se envolvidos no valor que lhe é atribuído. Ele pode indicar que as questões de dinheiro são tratadas pelas pessoas civilizadas da mesma maneira que as questões sexuais – com a mesma incoerência, pudor e hipocrisia. O analista, portanto, está determinado desde o principio a não concordar com esta atitude, mas em seus negócios com os pacientes, a tratar de assuntos de dinheiro com a mesma franqueza natural com que deseja educá-los nas questões relativas à vida sexual. Demonstra-lhes que ele próprio rejeitou uma falsa vergonha sobre esses assuntos, ao dizer-lhes voluntariamente o preço em que avalia seu tempo.”

Certa vez, numa carta a Ferenczi, extraída da correspondência entre ambos, deu um interessante exemplo prático de como concebia esse elemento no tratamento:

“Aproveito a ocasião para dizer que está errado em cobrar apenas 10 coroas pela sessão, quando Sadger está cobrando 20. Veja, o Sr., as 10 coroas não retiveram o rapaz com o Sr., nem as 20 o impediram de procurar S[adger]. Prometa-me corrigir-se!”

Porém, quando nos detemos sobre o lado paciente, de quem paga, há igualmente um curioso de rol de aspectos que chamam a atenção como, por exemplo, o que suscita em cada um deles após certa contabilidade imaginaria, de quanto o analista poderia amealhar. O psicanalista italiano Elvio Fachinelli, ao se debruçar nesse tema em seu “O Dinheiro do Psicanalista” alerta ironicamente:

“É quase supérfluo notar que o total de dinheiro recebido por um (clássico) analista mais ou menos corresponde, a despeito de casos excepcionais, ao montante obtido por qualquer outro profissional, como médico, advogados e jornalistas. O que magnifica os ganhos fora de proporção do analista aos olhos da maioria das pessoas, e por isso não parece razoável, quase exorbitante e sempre privilegiado, é que os ganhos derivam de um número pequeno de pacientes. Como vocês bem sabem, não estamos falando de três ou quatro sessões por ano, mas de três ou quatro sessões por semana.”

Dessa forma, não restam dúvidas de que se trata de uma temática pungente, pouco abordada e que pode render interessantíssimas reflexões.

Tópicos que serão abordados:

  • O dinheiro em sua dimensão simbólica: para quem paga e para quem recebe;
  • O psicanalista e o dinheiro: seria diferente se Freud não fosse médico ou tivesse inventado um tratamento completamente gratuito e/ou por caridade/benemerência/amizade?
  • Por que se paga? O que se paga numa análise? O que significa primeiro perder para depois ganhar?
  • O paciente e o dinheiro: sentir inveja, cobiça, contabilizar, calcular o gozo alheio, dar e reter e o que isso implica no tratamento...
  • O psicanalista e o dinheiro: ser alvo de inveja, cobiça, contabilizações, cálculos de gozo e o que isso implica no tratamento...
  • Psicanálise é só para classes abastadas? Repensando valor, preço, custos, investimento, honorários e afins...
  • Receber em dinheiro somente: serve ao tratamento ou ao analista?
  • Recibos: mero interesse de um paciente preocupado com a justiça tributária?
  •  O psicanalista é um burguês? Detém meios de produção? Explora mão de obra alheia? Aproveita-se de alguma mais valia?
  • O paciente paga para trabalhar? Quem topa isso nos dias atuais?
  • Autorizar-se a cobrar: dificuldades apenas dos jovens analistas?
  • O que estaria por trás da dificuldade de cobrar algo acima do que paga na análise pessoal ou para o supervisor?
  • Psicanalisar é uma carreira? O mito do psicanalista milionário, a ilusão do consultório cheio e o temor do consultório vazio...
  • O que Freud quis dizer com o caráter anal do dinheiro? Como isso se dá nas sessões?
  • Aumentos e reduções de valores estão restritos apenas às questões inflacionárias, que supostamente balizariam mudanças pontuais a partir de índices governamentais?
  • Qual a contribuição de Lacan nessa temática? O que nós, psicanalistas e pacientes brasileiros fizemos/fazemos com isso?

 

 

 

Horário: todas as palestras acontecem das 18:h30 às 21:h30

Investimento: os valores são referentes a cada palestra individualmente:

R$20,00 profissionais

R$10,00 estudantes

 

OBS.: É necessário realizar inscrição prévia, pois as vagas são limitadas.

Inscrições:


Telefone: 98627-1084


Website: ( http://www.poiesispsicologia.com.br/novo/agenda.asp?sub=808 ) ou clicando em CONTATO para maiores informações.

 

 Local: Rua São Vicente de Paula, 95 (Conjunto 71) – Higienópolis / São PauloPsicanálise na atualidade, daí a importância do título: “O lugar do psicanalista”, pois é justamente dele que depende a sobrevivência dessa invenção freudiana, num mundo que espera respostas rápidas e superficiais.
A primeira palestra tratará de um tema pouco abordado, sobre o inicio do consultório, acerca das dificuldades de começo da prática clínica, autorizar-se a dizer a todos que pode receber pessoas interessadas em algum tipo de ajuda, que chegam com demandas nem sempre facilmente compreensíveis.
Mais do que imprimir cartões, alugar sala, sublocar horários ou períodos, comprar tapete-poltrona-divã-relógio-lenço de papel, há também certa dose de coragem e ousadia nesse ato inaugural, aspecto que pode (e deve) ser tocado na análise pessoal e na supervisão que se inicia. Mas, ainda assim, as coisas claudicam, ocorrem surpresas, surge o inesperado e o imponderável, a sensação de fracasso ou inadequação, enfim, há muito que se pensar e dizer sobre esse tema. Não basta apenas dizer que não há um manual garantidor...

Tópicos que serão abordados:
• Psicanalisar: mera escolha profissional ou opção ética, mais nobre?
• Sou psicanalista e não psicólogo! Um olhar sobre o superego técnico psicanalítico;
• Refletindo sobre diferenças fundamentais entre psicanálise e psicoterapia, entre o psicanalista e o psicoterapeuta;
• Abandonar o furor de curar, sanar, resolver, fazer o bem, ser reconhecido: fácil para todos?
• “ Abrir” consultório: decisão pragmática, que só depende de questões financeiras?;
• Atuar solitariamente ou com colegas: projeto individual ou coletivo?
• Sobre a inveja entre os pares: inexistente devido á análise pessoal daqueles que atuam conjuntamente?
• Apoio da família: como explicar o inexplicável? Trata-se apenas de uma profissão “estranha”?
• Para além dos bancos escolares: sobre a impetuosidade em autorizar-se como “profissional” após o cômodo lugar de “ estudante”;
• A busca por fazer-se conhecer: mostrar-se não é o mesmo que exibir-se;
• Começar vai até quando?: Uma digressão sobre a condição de eterno iniciante;
• Sobre cobrar pelo trabalho: entre a facilidade de perder e a dificuldade de ganhar, fazer relativo sucesso. Ou: mais um exemplo freudiano de “arruinados pelo êxito”?