BLOG QUE TRATA DE PSICANÁLISE

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quarta-feira, 29 de maio de 2013

DITO SOBRE LACAN... OS CONJUGES DO(A)S PSICANALISTAS


"Não, não penso. Um analista existe pelo menos em três níveis: primeiro, no exercício de sua função na poltrona, isto é, como praticante; em seguida, num exercício institucional, enquanto responsável pela transmissão dos trabalhos e pela formação dos analistas; enfim, numa obra pessoal, ou antes, numa elaboração, pois as verdadeiras obras de psicanálise ainda podem ser contadas nos dedos das duas mãos. O analista é reconhecido simultaneamente nestes três registros: sua produção intelectual, seu investimento institucional e sua pratica de analista. Não é muito possível isolar o primeiro registro, como se faria para um escritor, ou até para um filosofo ou um pesquisador que se ilustrou nas ciências humanas. É por essa razão que o empreendimento biográfico sobre Lacan é de fato extremamente delicado, e talvez até contestável em seu princípio. A hipótese de que a vida de uma pessoa se comunica com sua obra é certamente interessante; no entanto, no caso de um analista, é com certeza o inverso que acontece, vale dizer que é o engajamento dele numa prática, numa instituição e numa obra que determina sua vida! Perguntem aos cônjuges dos analistas, ele lhes explicarão que a vida dos analistas é uma vida totalmente determinada pelo investimento que eles fazem nessa prática, um pouco particular, é preciso bem dizer, e que não se assemelha a nenhuma outra."
In: DUMÉZIL, C.  Entrevista com Claude Dumézil: testemunho. [1993-1994]. Quartier Lacan. Rio de Janeiro: Companhia de Freud, 2007. Entrevista concedida a Alain Didier-Weill, Emil Weiss e Florence Gravas.
 

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