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sábado, 25 de maio de 2013

DITO SOBRE LACAN... VARIABILIDADE DO TEMPO DAS SESSÕES


"Comecemos com uma distinção: a variabilidade do tempo das sessões é uma inovação importante instituída por Lacan no manejo do tratamento. Teve o mérito de sacudir a ritualização, ou mesmo a mumificação então em curso da técnica analítica. Mas uma coisa é o emprego do fim de uma sessão para pontuar o discurso do sujeito; outra é o considerável encurtamento do tempo das sessões, a ponto de deixar o paciente apenas o tempo de pronunciar algumas palavras ou frases. Não é certo, é até pouco provável que essa técnica seja mais apta do que outra para cingir o Real em questão do tratamento. É certo que ela faz surgir, com toda a sua vivacidade, uma certa quantidade de objetos a, fulgurância do olhar, manifestação da voz do analista, até a “merda” a que o paciente pode se sentir reduzido quando a se vê expulso depois de alguns segundos. Por outro lado, tem-se uma acentuação da dimensão imaginária do significante: o paciente irá então se deter numa certa palavra proferida com a qual seu analista o deixou, ou até em alguma palavra proferida por ele, para fazer dela uma chave de sua história, a encarnação significante de sua verdade. Quantos analisandos de Lacan conheci que brandiam essa fala ou essa palavra como um troféu? Fetichização do significante, na verdade, mera resistência. Não que esse fenômeno não exista em qualquer analise; só que a técnica das sessões curtas, ao fazer “a transferência pega fogo”, a acentua."

 
In: SIMONNEY, D.  Lacan, grande homem. In: DIDIER-WEILL, A.; SAFOUAN, M. (orgs.) Trabalhando com Lacan: na análise, na supervisão, nos seminários. Rio de Janeiro, Zahar, 2009. p. 99-111.

 

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