"Lacan costumava maquilar seus
atos dando-lhes um ar de farsa, fingindo sobretudo interesse pelo dinheiro.
Essa maquilagem não resiste à prova. Que necessidade tinha ele, na sua idade,
depois de ter juntado uma bela fortuna, daqueles poucos honorários colhidos no
verão de agosto. Na verdade, se Lacan gostava muito de dinheiro, não havia nele
nenhuma rapinagem, e ele podia ser de uma generosidade espantosa. Sua
secretária Glória me contará, depois de sua morte, a seguinte história. Um dia
ela lhe pediu autorização para ausentar-se de tarde. Ele perguntou o motivo.
Buscar um apartamento, disse ela, pois o proprietário do seu apartamento lhe
pedira para deixá-lo. Horas mais tarde, Lacan informou-a de que Sylvia, sua
esposa, havia encontrado um apartamento para ela.
'Mas eu nunca vou poder pagar o
aluguel desse bairro!
- Quem está falando de aluguel?
Se ele lhe convier, dou-lhe de presente'”.
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