“Fora isso, eu não gostaria de
fazer de Jacques Lacan um retrato idealizado. Seus defeitos eram manifestos.
Ele adorava levar as pessoas para ali onde se deposita o eu [moi], a armadura social, o mais próximo
do natural, e depois, de um golpe, quando confiavam nele, colocar-lhes uma
casca de banana sob os pés, desconcertá-las. Não penso que fizesse isso “de
propósito”. Não, era antes a angústia dele: os laços próximos demais davam-lhe
medo e se, depois, eram rompidos, ele não suportava mais. Na verdade, para
tornar possível uma relação durável com ele, era preciso ficar vigilante e
representar, de maneira discreta, mas sempre, a comédia.”
In: MONTRELAY, M. Entrevista com Michèle Montrelay: testemunho.
[1993-1994]. Quartier Lacan. Rio de
Janeiro: Companhia de Freud, 2007. Entrevista concedida a Alain Didier-Weill,
Emil Weiss e Florence Gravas.
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