“Basta ter feito uma supervisão
prolongada com Lacan para ter uma idéia de sua concepção da formação ou da
transmissão psicanalítica em geral. Ao contrário de seus outros colegas (e fiz
supervisões com muitos deles), Lacan não procurava ensinar como conduzir uma
analise. Deixava você agir o melhor que podia, o que significa que ele deixava
a seu cargo o cuidado de se informar se você estava suficientemente preparado,
ou se o acúmulo da contratransferência, das intervenções extra-analiticas –
tais como as supostamente destinadas a atenuar a culpa, sem falar do mal-estar
interno e no fato de falar mais de si próprio que do seu paciente etc. – levava
você a concluir que era o caso de retomar sua análise. Numa palavra, para
Lacan, “formar um analista” era, acima de tudo, dar todas as oportunidades para
que algo da ordem do analista se realizasse. Ou, para dizer de outra forma,
para que algo se atenuasse das certezas que o eu tira de sua fantasia
fundamental.”
In: SAFOUAN,
M. Entrevista com Moustapha Safouan:
testemunho. [1993-1994]. Quartier Lacan.
Rio de Janeiro: Companhia de Freud, 2007. Entrevista concedida a Alain
Didier-Weill, Emil Weiss e Florence Gravas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigado por pensar junto...