“Não há dificuldades na maneira para
compreendermos essas duas fantasias criminosas. Elas pertenciam ao complexo de
Hans de tomar posse da sua mãe. Agitava-se em sua mente algum tipo de vaga
noção de que havia algo que ele poderia fazer com sua mãe por meio do que ele
chegaria a tomar posse dela; para esse pensamento ilusório ele encontrou
algumas representações pictóricas, que tinham em comum as qualidades de serem
violentas e proibidas, e cujo conteúdo nos choca por combinar maravilhosamente
com a verdade escondida. Só podemos dizer que havia fantasias simbólicas de
relações sexuais, e não era um detalhe irrelevante o fato de que seu pai era
representado como compartilhando das suas ações: `Eu gostaria’, ele parecia
estar dizendo, `de estar fazendo algo com minha mãe, algo proibido; eu não sei
o que é, mas sei que você está fazendo isso também.’ A fantasia da girafa
fortaleceu a convicção que já tinha começado a se formar na minha mente, quando
Hans expressou seu medo de que `o cavalo entrasse no quarto’; e achei que então
tinha chegado o momento certo para informá-lo de que ele tinha medo do seu pai
porque ele mesmo nutria desejos ciumentos
e hostis contra este – pois era essencial postular-se bem isso com relação aos
seus impulsos inconscientes. Ao lhe dizer isso, eu tinha interpretado
parcialmente o seu medo de cavalos para ele: o cavalo tem que ser seu pai – a
quem ele tinha boas razões internas para temer. Certos detalhes dos quais Hans
mostrou que tinha medo, o preto nas bocas dos cavalos e as coisas na frente dos
seus olhos (os bigodes e os óculos que são o privilégio de um homem crescido),
me pareciam ter sido diretamente transpostos do seu pai para os cavalos...”
In: ANÁLISE DE UMA FOBIA EM UM MENINO DE CINCO ANOS (1909)
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